Em continuidade a um dos artigos que publiquei https://analistaconfesso.blogspot.com/2019/11/entendendo-o-cartao-de-credito.html onde falo do funcionamento do produto cartão de crédito, aqui cito algumas curiosidades (cultura inútil) para que tenha assuntos na mesa do boteco.
1 - Embossar termo utilizado para o cartão de crédito que será produzido, impresso, esse jargão brazuca tem origem na palavra embossing que em inglês pode ser livremente traduzido como imprimir.
Certa vez um diretor veio a minha mesa e disse: "Precisamos Embossar um cartão em caráter especial, suprimindo ao máximo o sobrenome do cliente"
O diretor se referia a produzirmos um único cartão especial que não seria enviado no lote diário de envio com os demais, esconderíamos ao máximo o sobrenome do cliente por estar ligado a uma família muito rica, em alguns casos o processo tenta proteger clientes para menor exposição ao risco, nesse caso o risco de identificação do sobrenome poderia atrair algum risco físico ao cliente.
Há emissores de cartão que abrigam um time designado para cuidar de clientes realmente VIP's como famílias importantes que estão no conglomerado de negócios, celebridades e outras figuras que precisam de tratamento diferenciado na política de relacionamento, assegurando que terão menor atrito possível.
Todos deveriam ser tratados assim! você deve pensar, o problema é que manter uma equipe especial para isso tem um alto custo e não seria possível ofertar produtos acessíveis se todos tiverem alto custo de operação.
2 - Embedar é um conceito semelhante ao Embossar, porém o termo é utilizado quando o cartão possui o micro-chip, então um cartão com tarja magnética será embossado e embedado (os nomes são feios mesmo).
O termo também vem do inglês Embbeding que em livre tradução é embutir, nesse caso fazer um sulco (uma cavidade) no cartão para acomodar o micro-chip.
Uma curiosidade adicional, o chip mesmo é menor que um grão de arroz, o que vemos no cartão não é o chip e sim ramificações de conectores, assim podem ser lidos pelas máquinas de captura, popularmente conhecidas como maquininhas.
3 - Micro-chip dos cartões de crédito nasceu para baratear a operação e não para trazer mais segurança como muitos acreditam, acontece que o processo de autorizar uma transação é de alto custo veja:
a) ao entregar seu cartão para o lojista, o mesmo insere os dados para o pagamento, a máquina de captura envia a transação para o emissor do cartão, onde valida uma série de parâmetros entre eles se há limite disponível, tudo isso ocorre em milésimos de segundos, e cada transação tem um custo.
Uma das muitas funções do chip é validar a senha do cliente antes do envio, caso a senha seja divergente a transação não é enviada, reduzindo assim o custo da operação.
O chip tem condições de fazer muito mais do que hoje é realizado, ele poderia autorizar a transação ali na maquininha sem a necessidade de viajar até o autorizador todas as vezes, algo que seria mais barato e rápido.
b) Com informações armazenadas poderia realizar ações de marketing de acordo com a máquina de captura, trazendo benefícios ao cliente.
Um mar de ações poderiam ocorrer mas nem sempre se usa todo potencial do micro-chip.
4 - Bin do cartão, a sigla se refere à expressão em inglês Bank Identification Number, que significa “Número de Identificação Bancária”. Hoje em dia não só os bancos que emitem cartões, por isso há o Issuer Identification Number (IIN), que significa “Número de Identificação do Emissor”. Em ambos, o código integra o número do cartão, impresso no mesmo.
Corresponde aos 6 primeiros números do cartão. Os outros números que compõem a sequência servem para identificar a conta individual que está vinculada àquele cartão. Somente o último dígito é diferente. Ele funciona como um dígito verificador.
Para tanto, existe uma fórmula matemática, chamada de algorítimo de Luhn, com a qual você pode encontrar o dígito verificador jogando os demais dígitos. Assim, se você não encontrar o mesmo dígito, é possível concluir que o cartão não possui um número válido.
Poderia falar horas sobre o Bin, pra resumir, com ele sabemos quem emitiu, que tipo de produto é, e a quem pertence.
Os emissores podem trabalhar com Bin aberto ou fechado algo que há prós e contras em relação a fraudes, mas isso será assunto para outro artigo.
5 - Código de segurança, infelizmente o cartão de crédito é alvo de inúmeras ações de fraude, quando possui apenas a tarja magnética a modalidade mais comum de fraude é a clonagem também chamada de skimming, onde um leitor captura as informações da tarja e pode repassar a outro cartão.
Para inibir esse problema foi criado o código de segurança 1, que fica afastado dos demais códigos impressos na tarja magnética, com o passar do tempo os leitores de fraudadores também podiam ler esse código, por isso criou-se o código de segurança 2.
Esse segundo código são os 3 números que observamos impressos no verso do cartão, eles não ficam gravados na tarja, para compo-los há uma chave de criptografia que combina dados do número do cartão e dados do cliente.
Você verá muitas vezes esse código descrito como CVV (card verification value), CVC (card validation code) ou CSC (card security code)
Sites modernos colocam digite aqui seu código de segurança (para facilitar tantas nomenclaturas) e alguns até apontam uma imagem onde o cliente pode localizar o código (no verso do plástico), problema é que alguns cartões tem seu código na frente.
6 - Saque cash, quase todo cartão permite sacar um limite em dinheiro em caixa eletrônico, porém a taxa de juros nesse processo é bem alta, pra ter uma ideia é mais alta que a própria taxa do cartão, que já é a mais alta entre qualquer produto de credito no Brasil.
Fazer uso desse recurso também aponta um alerta no risco de inadimplência ou fraude, pois o cliente que recorre a esse mecanismo está bem enrolado por algum motivo.
7 - Overlimit, a maioria dos cartões de crédito possuem um limite extra ao limite contratado, isso permite que ocorra transações acima do limite oficial do cliente.
Ex: Um cartão com R$ 1000,00 de limite pode ter uma política de Overlimit de 10%, então permite que o cliente ocupe até R$ 1100,00 em transações, isso pode ajudar o cliente em uma compra extra.
Vale ficar de olho, pois os emissores podem cobrar uma pesada taxa do cliente que fizer uso desse recurso. Há políticas de crédito específicas para Overlimit onde gestores de crédito experientes podem flexibilizar esse processo de acordo com a necessidade de compras do cliente.
Por exemplo, cartões com quase 100% de ocupação do limite podem deixar passar além se a transação for em um hospital ou farmácia, por entender que o cliente está em uma emergência médica a política de Crédito pode dar uma forcinha para o cliente em momento de necessidade.
Uma boa política de Overlimit pode melhorar a experiência do cliente com o produto, além de rentabilizar em outras esferas a receita do emissor.
8 - Comprar sem o cartão, você pode comprar na maquininha por transação digitada, geralmente esse tipo ocorre por telefone onde o cliente pode dizer os dados do cartão ao lojista e o mesmo digita tudo na maquininha, para isso não há a solicitação de senha, é uma modalidade de transação que conhecemos como off-line.
Em teoria uma transação off-line ocorre sem a presença do cliente no local da transação, as compras pela internet são um exemplo disso, pois você apenas digita os dados do cartão e do cliente para fazer uma compra, a senha não é solicitada, por isso o canal de internet é um grande problema de ataques de fraude.
Caso saiba todos os dados do ser cartão pode usar a máquina para fazer a transação sem a necessidade de tira-lo da carteira, porém pode chamar a atenção do estabelecimento.
9 - Por quê o impresso dos números do cartão estão em alto relevo?
Isso vem da época em que não tínhamos tecnologia digital. Não havia internet nem bancos e sistemas conectados.
Ao apresentar o seu cartão de crédito, o dono do estabelecimento pegaria um formulário carbonado em três vias, encaixaria numa plataforma onde também encaixar o seu cartão. Então passaria um rolo sobre eles de modo que o relevo do seu cartão imprimisse seus dados no papel carbonado. Só então preencheria a mão o valor e a data da compra. Por fim, entregaria para você assinar, destacaria uma via para ele, uma para você e outra para empresa emissora do cartão de crédito. É a imagem inicial que ilustra esse post.
Produzir cartões sem relevo é bem mais barato, alguns usam o alto relevo para cartões internacionais, pois dependendo do país ainda se usa essa modalidade, maquinas assim são chamadas popularmente de Reco-reco, ou ralador, por lembrarem o formato.
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