segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Se o Crédito viesse com Bula, como seria?


Para alinharmos o conceito: Bula é o nome que se dá ao conjunto de informações sobre um medicamento que obrigatoriamente os laboratórios farmacêuticos devem acrescentar à embalagem de seus produtos vendidos no varejo. As informações podem ser direcionadas aos usuários dos medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos.




Já reparou que a maioria das ofertas de crédito não cita a finalidade, a forma de usar e as precauções? Se cada linha de crédito tivesse a obrigatoriedade do BACEN de incluir um conjunto de informações semelhantes ao que há nas bulas de medicamento, contendo as indicações, contra-indicações, efeitos e o que fazer quando alguns sintomas surgirem, será que seríamos mais transparentes e honestos com o cliente final?

Tomo a liberdade de fazer uma bula para algumas linhas de crédito, confesso que essa informação é para mim mesmo, deixo escrito uma “documentação” para consultas rápidas, caso queira usar fique a vontade.

Um segundo alinhamento sobre linhas de crédito temos basicamente 2 tipos: 

  1. Financiamento onde o valor tem uma finalidade definida como a compra de bens (Imóveis, Automotivos, Máquinas, Embarcações) ou projetos como infra-estrutura ou aquisição de terrenos.

     Financiamentos são considerados Crédito com Garantia, em caso de não pagamento o bem financiado pode ser
             usado para venda e assim quitar a dívida do tomador com a instituição financiadora, nesse ponto a garantia               é  classificada como:

     a. Garantia Real (através de alienação fiduciária) que garante a propriedade do bem a instituição financiadora.
     b. Garantia “não” real onde o bem é um indicador de que o cliente poderá honrar a dívida com base no mesmo,                   porém com     risco de não conseguir tomar o bem de fato, por não haver a propriedade ou por não          
                 conseguir resgatar o mesmo. Ex: O financiamento de um guindaste, como a instituição fará a recuperação,                       onde o guardará em caso de inadimplência? 


        2. Crédito para qualquer finalidade, onde o dinheiro não tem um objetivo definido (consumo, ordenação de                  dívidas, criação de empresas ou pagamento de bens e serviços).

Dado que separamos esses dois macro grupos de linhas de crédito vamos a nossa Bula para cada um deles.


FI (financiamento de imóveis).

Pra quem é indicado: Pessoas interessadas em financiar moradia própria e investidores do setor imobiliário.

Como funciona: Há 2 tipos de sistemas: 
  1. SFH (sistema financeiro habitacional) onde o imóvel deve se enquadrar com o valor máximo de R$1,5MM, o financiamento não pode exceder a 80%, ser residencial, urbano e localizado onde contratante trabalha a pelo menos 1 ano, com isso pode usar recursos do FGTS (em outro post podemos explorar melhor), prazo máximo de 35 anos.
  2. SFI (sistema financeiro imobiliário), no primeiro De forma resumida os demais enquadramentos são atendidos pelo SFI, onde a fonte de financiamento não provém dos fundo de poupança e o mercado tem livre atuação para  práticas de juros compatíveis ao apetite de risco. Nessa modalidade não se pode usar o FGTS. 

Quando não deve ser usado:  Se houver dúvidas sobre a capacidade de pagamento no curto prazo, em detrimento de demissão, risco de perda da capacidade de renda, se houver restritivos nos bureaus de crédito ou em dívidas com a união.

O que devo saber antes de usar: É um produto com Alienação Fiduciária, não honrar suas parcelas ainda que justificáveis por questões de força maior, há o risco de ter o bem tomado pela instituição financiadora, o processo é relativamente rápido então é necessário planejamento e disciplina. Há custos de avaliação do imóvel, registros e documentos que devem ser considerados.


Financiamento de automotivos.

Pra quem é indicado: Aquisição de veículo automotores (carros, motos, máquinas, ônibus e caminhões).

Como funciona: Cada categoria tem regras próprias, as mais comuns são idade do bem, tipo, modelo e documentação em ordem há políticas que não cobrem 100% dos automotivos.

Quando não deve ser usado: Se não houver uma entrada entre 30% e 50% ficará sujeito a negociações pouco vantajosas.

O que devo saber antes de usar: Em muitos casos é um produto com Alienação Fiduciária, não honrar suas parcelas terá o bem tomado pela instituição financiadora, assim como o imobiliário, há custos de registro, documentação e taxas, onde o tomador deve avaliar com cuidado para melhor planejamento. 


Empréstimo

Pra quem é indicado: Situações não planejadas como saúde (medicamentos, internações e acidentes), emergências, falta de fluxo financeiro pontual. 

Como funciona: Limites pré aprovados que ficam a disposição do tomador no caso dos Bancos, ou limites que podem ser aprovados com agilidade e com taxas menores nas fintechs (desde que esteja com um bom score de crédito e sem restrição nos bureaus de crédito. Tem por característica velocidade na aprovação.

Quando não deve ser usado: Em recorrência, por ser um crédito destinado a questões pontuais fazer o uso recorrente é algo que pode custar caro ao tomador, a necessidade de um crédito que se prolongue por mais de 90 dias requer outra linha, fuja do empréstimo. 

O que devo saber antes de usar: No Brasil mesmo com a nova concorrência das Fintechs não é uma linha barata, por isso pesquise a melhor opção, não usar por mais de 90 dias e não buscar novas linhas de empréstimo quando houver uma ativa.


Cartão de Crédito

Pra quem é indicado: Consumo (restaurantes, postos de gasolina, serviços de assinatura, locação de veículos, viagens, turismo e entretenimento, vestuário e serviços de uso recorrente como: transporte de aplicativo, delivery e serviços de streaming).

Como funciona: O tomador aprovado na política de crédito recebe um plástico que lhe permite realizar compras de consumo acima mencionados, tem em média 07 dias antes do vencimento o corte de sua fatura com todos os gastos, o tomador de a opção de honrar a fatura 100% ou paga-la parcialmente, cada instituição estabelece um percentual de pagamento mínimo, o processo não pode ser recorrente por mais de 2 vezes por limitação de regulamentação, evitando altos níveis de endividamento, se o cliente não puder honrar a dívida total a instituição deve promover o parcelamento e o crédito só será liberado quando o acordo for cumprido. 

Quando não deve ser usado: Caso não consiga pagar a fatura total, se livre dos cartões (destrua-os), se outras formas de pagamento ofertarem desconto maior, pagamento parcelado (crie o hábito de pagar a vista ainda que seja no cartão), pessoas com alto nível de consumo devem deixa-lo em casa, só saindo com o mesmo quando houver uma compra, uma vez realizada manter fora de alcance (muita compras desnecessárias seriam evitadas).Não usar para pagamento de dívidas como boletos de contas, há taxas elevadas e nem sempre o processo de programa de milhas vale para essa situação.

O que devo saber antes de usar: É uma das linhas de crédito mais caras do país, responsável por um alto percentual de negativações juntos aos bureaus de crédito, tenha o hábito de não comprar parcelado, e somente para o consumo onde outro meio de pagamento não for mais vantajoso em descontos.


Crédito Consignado

Pra quem é indicado: Assalariados em regime CLT, para comprometimento que não ultrapasse 10% da renda bruta, recomendado para trocas de dívidas contraindo crédito com juros menores, recorrência é uma alternativa saudável comparada ao empréstimo pessoal.

Como funciona: A instituição financeira firma um convênio com a empresa empregadora, no recebimento do salário o empréstimo é descontado e apenas o líquido é depositado na conta do tomador, um tipo de crédito com risco menor por isso possui taxas de juros competitivas. 

Quando não deve ser usado: Quando o comprometimento da renda ultrapassar 10%, ou o volume de parcelas passar de 10x. 

O que devo saber antes de usar: A empresa empregadora deve possuir convênio com alguma instituição que oferte essa linha, deve ter a ciência de não contrair outras linhas de crédito uma vez que já possui uma que incide compulsoriamente em sua folha de pagamento, essa linha de crédito reduz a capacidade de pagamento do tomador uma vez que compromete sua folha de pagamento.


Cheque Especial

Pra quem é indicado: Para usuários que emitiram cheques com valor maior do que o disponível para honra-los, emergências e urgências.

Como funciona: A instituição financeira após um período de relacionamento pode aprovar um limite de cheque especial para cobrir eventuais cheques ou fica a disposição do cliente para que seja tomado para qualquer finalidade.

Quando não deve ser usado: Consumo, uso recorrente, descontrole ou desequilíbrio de fluxo de caixa. (Fluxo de caixa é comum para empresas, mas o conceito na pessoa física possui o mesmo efeito).

O que devo saber antes de usar: É um crédito com juros nocivos, as novas regras do BACEN para 2020 tornam o produto menos atrativo com a liberação de cobrança de taxas ainda que não se faça uso do mesmo, é uma forma de frear a elevação de endividamento da população, buscando patamares mais saudáveis de risco de crédito.


CGI (Crédito com Garantia Imobiliária) 

Pra quem é indicado: Tomadores que necessitam de valores superiores a R$ 30mil, que tenham imóvel com mais de 50% do valor quitado, com objetivo de realizar processos que exijam valores maiores como: reformas, investimentos em negócios, ampliações, profissionais autônomos com necessidade de investir em seu próprio negócio, ou troca de dívidas com alta taxa de juros por algo mais competitivo, podendo também alongar o prazo para que haja melhor tempo para se organizar. Indicado para quem possui imóveis residenciais localizados em área urbana com grande contingente populacional.

Como funciona: Há dois tipos de CGI, Hipoteca e Refinanciamento com Alienação Fiduciária, falaremos do segundo tipo (poderemos abordar hipoteca em outra oportunidade), a instituição concede um percentual do valor do imóvel em crédito, refinanciando parte do bem, geralmente esse percentual não passa de 50% mas pode variar de acordo com o apetite de risco de cada instituição, os prazos variam de 35 a 240 meses, permitindo maior fôlego de planejamento para o tomador. 

Quando não deve ser usado: Consumo, necessidade inferior a R$ 30mil (devido aos custos agregados da análise de crédito).

O que devo saber antes de usar: É uma linha desconhecida de muitos brasileiros, por isso vale saber que: O imóvel pode ser de terceiros (pais, familiares, amigos) os tomadores se casados ou em união estável devem assinar conjuntamente para que ambos estejam cientes da negociação, há políticas de valores de regiões que devem ser observadas, bem como custos de avaliação e registros que devem ser calculados para entender em detalhes o custo da operação, envolve alta burocracia pois há uma dependência dos serviços cartoriais (lentos e de alto custo), a análise de crédito congrega os envolvidos no contrato e a garantia apresentada, portanto as documentações em ordem e atualizadas elevam a chance de uma concessão positiva.


Aqui fiz o exercício de compartilhar uma ficha técnica muito resumida dos principais produtos, fica aberto para que outros profissionais de crédito complementem assim teremos uma ótima bula de consulta e uso consciente do crédito.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Carreira Crédito: Você sabe voar?

Contarei uma antiga e conhecida história de mercado, que poder ser narrada sob várias óticas. 

"Certa vez dentro de avião um papagaio chama a comissária de bordo e diz: Ei sua FDP, me traga um cobertor, a comissária com agilidade o atendeu, ao lado do papagaio havia um homem que ficou horrorizado com o que viu e pensou: que papagaio mal educado.



Alguns minutos depois o homem gentilmente pede à comissária por um copo d'água, e foi cruelmente ignorado pela mesma, em seguida o papagaio chama a comissária e diz: Sua retardada me traga um café, novamente foi atendido com agilidade. 




O homem por várias vezes foi gentil solicitando um simples copo d'água e a cada vez era ignorado pela mesma, até que não se aguentou mais e disse: Sua ignorante quero meu copo d'água! a comissária irritada joga ambos para fora do avião.




Em queda livre o papagaio vira para o homem e diz: Cara como você é burro, você xingou a comissária, agora foi atirado para fora do avião e vai morrer! o homem responde: Oras mas você também a xingou e recebia tudo, mesmo eu sendo gentil era ignorado.




O papagaio então concluí: Sim, fiz tudo isso, porém há uma diferença entre nós, EU SEI VOAR".








Anos atrás tive um diretor que quando solicitava aos gerentes um trabalho intragável e percebia a insatisfação estampada no rosto dos mesmos, perguntava: Eae seu apartamento ou carro já estão quitados? Os filhos estão na escola? Ninguém com problema de saúde em casa?.


Aquele diretor sabia que a palavra mais motivacional que existe é BOLETO e usava isso a revelia. 



Sendo diretor sabia que havia gestores que sabiam voar e outros não, para quem sabia voar ele usava outro discurso tipo: “Só confio em você pra fazer isso", “Sei que é complexo o que estou pedindo, por isso você que é o mais inteligente é a pessoa certa para executar" ele sabia que gerentes que sabem voar podem e sabem como procurar outros ares se não forem valorizados, além de estarem em outro patamar de independência financeira. 




Profissionais que tem habilidade de vôo não temem serem atirados do avião, por isso, são ousados, se arriscam, desafiam e encaram quem quer que seja (as vezes da forma errada), habilidades úteis nesse jogo de xadrez se o superior souber onde colocá-los no tabuleiro.




Para saber se você possui essas habilidades de voar se questione. Caso fosse atirado pra fora:




- Você estaria encrencado em sua vida pessoal?
- O Brasil ganharia um novo marginal?
- Ficaria depressivo?
- Só sei fazer isso e não saberia o que fazer ou pra onde ir?


Se sua resposta foi sim a qualquer uma dessas questões, então o melhor é se submeter a ser ignorado. Em seu dia dia para falar, escrever, debater ou contra argumentar deve se perguntar: EU SEI VOAR? 


Se sim #vaicorinthians.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Como NÃO ter crédito.



Vamos subverter a ordem, os títulos de posts e artigos que vejo são:

 “Como ter crédito”, “X dicas para conseguir crédito”, "Como ter crédito aprovado" etc… 

Ah tudo muito cansativo e chato, que tal uma cartilha de "Como NÃO ter crédito"?, basta segui-la e garantirá que nenhum telemarketing (inteligente) te ligue ofertando produtos de crédito.

Esse artigo se baseia no livro “Como NÃO aprender inglês” de Michael A. Jacobs um inglês que ensina os principais erros que os Brasileiros cometem ao falar inglês, o livro é ótimo! independente do seu nível no idioma recomendo muito, uma das coisas que Michael cita no livro é o “Attitude” em várias partes de livro ele cita que o aprendizado do idioma depende muito mais de sua atitude do que a escola, método, professor ou infraestrutura de ensino, em uma das passagens ele faz uma pergunta simples:

“Baseado em todos os anos que você estudou inglês, quantas palavras julga que conhece?”, não sei qual é a sua resposta, a minha na época foi: estudei 8 anos e conheço umas 400 palavras.

Michael cita o seguinte: se você tomasse a atitude de aprender 3 novas palavras por dia ao final de um ano teria aproximadamente 1.080 palavras em seu vocabulário, lembrando que a média necessária para se ter uma conversa razoável é em torno de 2.000 palavras. Não sei pra você mas pra mim foi um tapa na cara, 8 anos e 400 miseráveis palavras, então o que eu precisava não era um curso, ou uma escola F#@!, eu precisava mudar minha atitude.



Há…vocês só emprestam dinheiro para quem não precisa.

Para ter sua necessidade de crédito coberta o processo da atitude é muito semelhante, é muito comum ouvir de clientes revoltados a seguinte frase: “Há…vocês só emprestam para quem não precisa” essa queixa vem do fato que; pessoas com dificuldades precisam de dinheiro e não tem seu crédito aprovado, enquanto pessoas que estão empregadas e com investimentos tem um vasto leque de produtos de crédito a sua disposição.

Por isso vamos a nossa cartilha de Como NÃO ter crédito, pra desmistificar essa frase.

1 - Gaste sempre mais do que ganha.

Para países que gastam menos do que arrecadam a economia dá o nome de superávit e o antônimo déficit, é muito difícil que você você gaste menos do que arrecada 100% do tempo, o problema está quando todos os meses você gasta mais do que arrecada, uma hora se tornará insustentável.

Então para NÃO ter crédito e se enrolar em dívidas, sempre gaste mais do que arrecada, repita isso todos os meses e um futuro sem crédito e com dívidas está garantido.

2 - Entre no Cheque Especial faça dele parte da sua renda.

O fato de ganhar menos que arrecada lhe levará fatalmente a consumir seu cheque especial, afinal está ali, super fácil e disponível. Quando todos os meses você gasta mais do que arrecada, além de utilizar o Cheque Especial, você poderá estourar o limite, para alguns bancos ficar 10 dias com limite do cheque especial estourado, a instituição revoga seu limite de cheque especial, então tudo que for depositado ali será abatido, diferente de quando há limite e você pode sacar, além disso você tem 30 dias para ressarcir esse passivo, ou terá seu CPF inscrito nos cadastros negativos do Bureaus de Crédito.

O uso constante do cheque especial é um alerta amarelo para a instituição com quem tem relacionamento, isso leva a cortes e reduções de limites em outras linhas como financiamentos e produtos de varejo como cartão de crédito.

3 - Em 100% das suas compras use cartão de crédito e parcele qualquer valor.

O principal problema que leva empresas de todos os tamanhos e tempo de maturação a bancarrota é o descontrole do fluxo de caixa. Para pessoas físicas não é diferente, comprar tudo no cartão e parcelado é uma ótima forma de implodir o seu fluxo de caixa e funciona da seguinte forma.

Vamos supor que tenha um limite de R$ 10.000,00 no cartão de crédito e sua renda seja equivalente R$ 10.000,00. Você faz um total de compras de R$ 2000,00 todos os meses parcelando sempre em 10x “sem juros” (afinal não se pode perder a oportunidade de parcelar), como é uma pessoa consciente não parcela sua fatura, pagando sempre à vista (devido a abusiva taxa de juros do cartão). Nesse comportamento constante não terá limite para manter o ritmo de consumo no 8º mês, isso pagando sempre 100% da fatura a vista. 

Não frear o constante consumo parcelado de qualquer valor, pode antecipar ou prolongar a data de implosão, acredite ocorrerá! Ter pouca disponibilidade de limite, implica em recusa na autorização em caso de uma locação de veículo (onde necessita de uma transação caução) ou alguma emergência que o forçará a solicitar aumento de limite, algo que dificilmente se concede antes de 12 meses (tempo necessário para que analistas de crédito avaliem novas elevações) antes de 12 meses poucos clientes ampliam sua capacidade de pagamento, o que não justifica elevação no limite, por isso as avaliações quando pró ativas usam prazos médios de 6 e 12 meses antes de promover uma manutenção de limite.

Caso seja um cliente antigo solicitar mais limite quando ja tiver estourado outros, será o mesmo que ampliar a dose da droga, acabará em overdose.

4 - Só pague com cartão de crédito e use como desculpa o acúmulo de milhas.

Muitos usuários de cartão dizem usá-lo apenas para o acúmulo de milhas, assim trocam por passagens aéreas. Fiz várias simulações e com os atuais sites de compra e venda de milhas em muitos casos comprar passagens via esses sites é mais barato que faze-lo com o que gasta com seu próprio programa de milhagens.

Há um outro indicador que poucos conhecem é um chamado Braekage (quantidade de pontos que deixa de ser resgatados por desistência  ou expiração) que é de aproximadamente 17%, isso significa que uma boa parcela dos usuários de pontuação sequer resgatam seus pontos, em parte por esquecimento, em parte por descontrole ou não chegam ao mínimo necessário para exerce-lo.

Esse percentual mostra que para uma parcela de clientes, usar o cartão para tudo é uma desculpa pouco eficiente para o acumulo de pontos.

Mesmo com esses dados o não desista do caminho para NÃO ter crédito use o cartão em tudo e como desculpa tenha as milhagens como pano de fundo.

5 - Não pague sua fatura 100%

Ao invés de pagar 100% da sua fatura parcele sempre uma parte, assim pode colocar mais saldo para o próximo mês acelerando seu problema de fluxo financeiro que falamos no item 3.

6 - Nunca compre nada com dinheiro físico.

Já auxiliei muitas pessoas físicas e jurídica a sairem do abismo financeiro e de dívidas astronômicas (uma forma de redenção a tanta gente pra quem neguei crédito incorretamente) um desses auxílios é criarem o hábito de pagar tudo em dinheiro e pedir desconto, pois é uma vantagem enorme em meio a tantos intermediários financeiros, o comerciante consciente tem noção de quanto vale o o dinheiro em espécie e concede polpudos descontos para pagamento em espécie, algo vantajoso e altamente rentável.

O fato de trabalhar com crédito e mecanismos tecnológicos de crédito, ja fui muito hostilizado por colegas de profissão por usar dinheiro físico, posso conseguir bons descontos por usar esse meio de pagamento que percentualmente são mais vantajosos que quaisquer investimentos, por que não fazer? 

Você deve pensar “ora há o risco de ser assaltado ou perder o dinheiro” sim há risco de morrer tomando sorvete também.

O objetivo aqui é fazer com que você NÃO tenha crédito, então use qualquer meio de pagamento a sua mão exceto dinheiro, esqueça a dor de gastar dinheiro, ou o real valor quando o vê sair de sua carteira, por isso pague tudo em meios eletrônicos, seguindo todas as outras etapas acima.

7 - Sempre diga SIM para empréstimos a amigos e parentes.

Há o que seria da nossa vida sem amigos e parentes? Uma forma de não ter crédito é emprestar o que tem e não à todos que lhe pedirem, mesmo que se complique para isso.

Certa vez para não demonstrar fraqueza financeira já entrei no limite do cheque especial para ajudar um colega de trabalho, afinal como eu que trabalhava com crédito podia dizer que não tinha dinheiro para ajudar? 

Hoje tenho regras para emprestar dinheiro a amigos https://analistaconfesso.blogspot.com/2019/08/3-itens-antes-de-emprestar-dinheiro.html mas na época não, já me encrenquei por isso no passado.

Então sempre que um amigo ou parente lhe solicitar, não importa o valor dê um jeito de emprestar afinal você não pode mostrar que não tem dinheiro seria uma fraqueza em rumo a Não ter crédito.

8 - Empreste seu CPF a terceiros para crediários e dívidas a prazo.

Saiba, quem pede o CPF de outra pessoa “emprestado” para compra a prazo ou o cartão é por que ja conseguiu estragar seu próprio CPF e suas linhas de crédito, você já parou para questionar se uma pessoa não cuidou de algo próprio por que zelaria pelo seu?

Eu vi cônjuges que emprestaram CPF para o companheiro, sogros e cunhados, e depois terminaram o relacionamento e imagina o que aconteceu?

Também sei de casos onde sogros que adoravam o genro/nora empresaram seu CPF para ajudar a comprar o carro, ou moto e depois tiveram sérios problemas.

Emprestar seu CPF limpo a pessoas que sujaram seu próprio pode ser um bom atalho para NÃO ter crédito, e ao mesmo tempo perder amizades e problemas nos laços familiares.

9 - Seja sócio de empresas cujo sócio seja nocivo para o negócio.

Entrar em sociedade é algo que todos se empolgam, os números sempre são positivos e como um trabalho de escola pode cair em um grupo onde alguns se encostam e nada fazem.

Nessa empolgação e o desejo de empreender se esquecem de estabelecer além das regras de entrada as regras da saída, e isso só aprendemos depois da segunda ou terceira empresa aberta, sim mesmo pessoas experientes caem como amadores.

O problema quando se tem um CNPJ a sociedade inteira pode ficar amarrada para análise de crédito. Em alguns casos a situação financeira de um dos sócios pode minar a qualidade dos demais.

Por exemplo em uma sociedade com 3 sócios onde a participação seja igual, se um dos sócio se enrolar financeiramente com seu CPF pode manchar os demais CPF`s da sociedade, apenas por estar no mesmo quadro societário, ainda que o CNPJ seja saudável assim como os demais sócios.

Certa vez neguei crédito a uma cliente por ter centenas de cheques sem fundos, ela me explicou que tinha sociedade com o Pai e que ele usou o CPF dela na sociedade, por isso o volume gigantesco de cheques sem fundos apareciam refletidos a ela. A história era verídica mas nada pude fazer para abrir uma excessão.


Siga esses passos e garanto que não terá crédito nunca, ou será extorquido pra sempre por instituições e agiotas.





Fontes:



terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Como funciona o financiamento de veículos?



Uma das muitas funções dos profissionais de crédito é a antecipação do desejo de consumo, quando se opta por comprar um veículo e não há recursos financeiros suficiente para aquisição à vista, a linha de crédito mais adequada é o financiamento de veículos, para que entenda melhor os diversos mecanismos farei algumas categorias para facilitar a narrativa. 




Nessas categorias temos: 

Novos: Veículos 0km
Usados: Com algum uso ainda que estejam bem perto dos 0km.

Nessas duas categorias temos subdivisões leves, que engloba carros de passeio e motos, e uma outra classificação conhecida como pesados (Van, ônibus, caminhões e tratores).

Adicionalmente podemos falar de frotas, onde cada uma dessas categorias e classificações são comercializadas em volume, muitos lugares adotam um número maior que 9 para considerar uma frota, nesse caso a avaliação de risco é realizada por um time que tenha mais experiência em volume e as regras fogem as políticas de crédito convencionais.

Comecemos por 0km leves:

Entre as instituições que podem lhe financiar essa modalidade de veiculo temos bancos (públicos e privados), financeiros e bancos da própria montadora.

Lembre que comecei o artigo falando sobre antecipação de consumo, os profissionais de crédito analisam as condições de clientes que desejam transformar seu desejo de consumo em uma ação imediata, quanto mais imediato o preço a pagar por isso é maior, já ouvi muitos colegas de profissão que se auto denominam “Realizadores de Sonhos” pois permitem que os sonhos sejam realizados, durante anos usei esse bordão, com mais experiência fui abandonando essa expressão, em outro artigo poderemos explorar melhor isso.

Geralmente as condições para o financiamento de veículos novos se pautam em:

  • Análise documental (para garantir a veracidade das informações).
  • Avaliação de crédito (histórico de registros negativos e capacidade de renda).

Como é um crédito com garantia o bem fica em nome do CPF/CNPJ do cliente com alienação ao financiador, onde casos de inadimplência o financiador pode retornar o bem

Há muitas condições diferentes, pois o melhor equilíbrio de decisão necessita de informações como:

  • Valor do veículo.
  • Tipo (marca, categoria, cor, potencia etc).
  • Entrada. 
  • Prazo.

Geralmente a entrada de 50% e parcelas até 36x pode-se conseguir taxa 0% com bancos das montadoras, vale ficar de olho nas outras taxas que o cliente só descobre durante o processo como taxas de avaliação, documentos, prestações de serviços, seguros e outros.

Para os veículos leves usados o processo é o mesmo com a diferença que em média o valor financiado é de 70% do valor do bem, poucos agentes se dispõem a fazer 100%, quando o fazem estão mais dispostos ao risco e por isso as taxas são mais altas. O valor do bem é pago integralmente ao vendedor cabendo ao comprador a responsabilidade pelo pagamento das parcelas junto ao financiador.

Como um conselheiro pago, posso compartilhar 3 formas de atingir o seu almejado veículo.


  1. NÃO financie, se for paciente e disciplinado junte durante 2, 3 ou 5 anos e compre seu veículo à vista, ops… talvez isso não devesse estar nesse artigo.
  2. Se a primeira e malfadada opção não for algo que considere então, tenha o maior valor possível em mãos para que financie o menor percentual possível, em média se tiver 50% do valor poderá conseguir com bancos da montadora entre 24 e 36 prestações a taxa 0% algo imbatível.
  3. Bem se as 2 primeiras opções não são o seu caso então você se enquadra com a maioria com entrada mínima (muitas vezes, sem entrada), financia por 5 anos e com a primeira parcela a perder de vista.

Muitos realizam a comparação da taxa do financiamento com as de crédito sem garantia como: Cheque Especial e Cartão de Crédito para mostrar que mesmo na terceira opção as taxas são mais baixas, como o tipo do produto e uso do valor é diferente considero injusta a comparação.

Quais os principais motivos de recusa:

  • CPF com restritivos (onde há apontamentos do bureaus com dívidas vencidas não honradas).
  • Renda insuficiente (o avaliador conclui que a renda do cliente para o veículo desejado possui riscos de inadimplência).
  • Região (como se trata de um crédito com garantia o avaliador entende se a região apresenta um risco maior para a concessão).

Para veículos classificados como pesados há regras diferentes, muitas especificações devem ser obedecidas onde se analisa o cliente, e o tipo do bem com detalhes maiores, na grande maioria das vezes veículos pesados estão conectados a CNPJ`s o que torna o tipo da análise completamente distinta quando comparamos ao avaliação pra pessoa física.

A frota de veículos novos geralmente são para veículos do mesmo modelo e ano, no caso dos veículos usados pode ser composto de vários modelos e anos de fabricação diferentes, algo que exige outra dinâmica na avaliação da concessão.

Há outras formas de obter um veículo a prazo, em muitos sites vi classificado como uma modalidade de financiamento os produtos Leasing e Consórcio, como as regras são diferentes categorizo como alternativas para aquisição de veículos bem diferentes do financiamento.

Essas alternativas se adaptam de acordo com o perfil do cliente, no caso do Leasing fica para o tipo de cliente que deseja liberdade de trocar o veículo em médio prazo, quer seja por outro modelo ou ano de fabricação, deseja comodidade em relação a serviços como seguro, manutenção e impostos, pontualmente pode pagar mais que o financiamento, porém coloca na balança seu tempo pessoal que pode ser mais vantajoso ter essa liberdade.

No caso do consórcio, financeiramente falando em todas as simulações que fiz não é vantajoso, quando comparamos ao financiamento convencional, particularmente não é meu perfil de produto por isso o único apelo que vejo na opção por esse, são clientes reconhecidamente indisciplinados que precisam de um “motivador” para “guardar” parte dos seus rendimentos, pois tem a obrigação mensal de não gastar por completo seu rendimento colocando em algo que pode virar um bem como forma de poupança.

Não vejo certo nem errado, apenas modalidades diferentes adequadas ao perfil do cliente, para o meu perfil o que mais se enquadra é o Leasing, para a maioria das pessoas que conheço o perfil mais adequado é o financiamento de veículos usados, e para poucos que conheço o perfil mais adequado é o consórcio.

E o seu perfil em qual se enquadra melhor?

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Profissionais de Crédito são Numeratis?

A palavra Numerati vem do idioma italiano para designar profissionais que trabalham com números e dados para qualquer finalidade.



Em 2009 o escritor Sthepen Baker, escreveu sobre os Numerati citando-os da seguinte forma:

“São membros de uma elite da ciência da computação e da matemática focados em analisar todos os nossos passos em busca de padrões de comportamento que possam prever o que queremos comprar, em quem vamos votar, por quem vamos nos apaixonar, quais doenças teremos. Por meio do cruzamento de dados de acessos a internet, usos de cartão de crédito e demais atividades monitoradas por códigos binários, os Numerati rastreiam perfis de comportamento, e uma nova abordagem da sociedade nasce com isso. Seu objetivo? Manipular nosso comportamento - o que compramos, como votamos, quem namoramos - sem que sequer percebamos”

Observe que as características de um Numerati equivale ao “know how” dos profissionais que também trabalham com análise de concessão ao crédito, onde focamos em vasculhar padrões que caracterizam, veracidade, histórico, capacidade e caráter de pagamento, como suporte na decisão de concessão. 

Somos Perigosos?


No ano de lançamento do livro Numerati a revista época questionou ao escritor se somos perigosos, a resposta foi;

“É preciso ter cuidado com eles. Têm um poder sem precedentes para desvendar nossos segredos. E cometem erros o tempo todo – porque lidam com estatística e probabilidade. O poder deles sobre sua vida depende de quanta informação particular você quer deixar nas mãos deles.”.

Nessa época nem se cogitava a LGPD, que virá com força total em 2020, Numeratis continuarão a vasculhar de dados para entender e influenciar a vida de milhares, os profissionais de crédito também, com a diferença que deveremos informar e solicitar a permissão do usuário para fazê-lo, além de outras coisas mais. 

O escritor acerta quando diz que cometemos erros o tempo todo, afinal aprovamos e reprovamos propostas com margens de erros, fazemos tudo para reduzir essas margens, não negamos que excessos são cometidos.

Além de rastrear padrões como cães policiais, Numeratis que trabalham em crédito usam técnicas matemáticas (soma, subtração, divisão e multiplicação), estatísticas (médias, probabilidades, scores, quartis e decis) para classificar e analisar situações, Pesquisa Operacional para otimização de resultado e melhoria nas estratégias, dominamos todo tipo de recurso computacional para programarmos nosso próprio processamento de dados, deixando boquiabertos qualquer profissional de TI.

Numeratis que trabalham com crédito ainda possuem duas habilidades acima dos demais, lidam com o difícil jogo de interesses com o time comercial e de marketing (no português claro, quebramos o pau), e brincamos de Macgyver fazendo malabarismos para que tudo funcione mesmo sem recursos humanos, verba e suporte.

Sim, profissionais de crédito são Numeratis e nossa sociedade nada secreta veio pra ficar.




Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI64516-15224,00-CUIDADO+COM+OS+NUMERATI.html