Quando criança ouvia esse negócio de ter o nome sujo na praça, nunca soube o que significava, apenas sabia que não queria ter o nome sujo na praça, na praia em lugar algum, só na vida profissional descobri que ter o nome sujo significava estar no cadastro negativo.
Não ajudou muito pois eu também não tinha a menor ideia do que era um cadastro negativo. O mais interessante é que eu trabalhei com muita gente que já tinha bons anos de crédito, pasme você, muitos acham que sabem e outro não sabem na totalidade o que fazem um bureau de crédito.
Então mãos a obra de compartilhar o que demorei anos para descobrir e sinceramente não ouso a dizer que sei tudo. Antes de falar no que é ter o nome sujo vamos entender o papel de um Bureau de Crédito.
Muita gente conhece os Birôs ou Bureaus de Crédito, digo isso pois já vi escrito nas duas formas, a palavra é do idioma francês que significa lugar onde se realiza trabalho intelectual, mesa ou gabinete. Técnicamente e na atualidade um bureau de crédito concentra informações relacionadas ao comportamento de consumo, que pode ser através de crédito (com pagamento a prazo) ou a atividade de relacionamento de consumo.
Os mais populares bureaus do Brasil são SPC e Serasa foram criados em décadas separadas para funções distintas, o primeiro tinha o objetivo de concentrar as informações do Comércio com isso o comercio poderia se proteger que clientes elevassem possíveis prejuízos no comercio. O segundo foi criado por intermédio da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) com objetivo de padronizar os cadastro entre os bancos criando agilidades, posteriormente adotou comportamento de proteção ao crédito semelhante ao SPC.
Com isso um cliente que realiza compras a prazo, ou contraia crédito através de qualquer produto bancário e por algum motivo não cumpra o pagamento com pontualidade pode ser cadastrado em um desses Bureaus, com o registro que está negativo com algum componente que pode ser comercial ou bancário.
Um individuo que consta nesse cadastro negativo dos bureaus popularmente é conhecido como: "nome sujo na praça", esse individuo pode ser pessoa física ou empresa, por muitos tempo esse foi o principal papel desempenhado pelos Bureaus, e sua fama de apenas lidar com pessoas com "nome sujo" os estigmatiza até os dias de hoje. Há quem acredite que são empresas públicas de tanto que se ouve falar em SPC/Serasa, majoritariamente conhecidos como cadastro negativo isso até virou uma samba (SPC - Zeca Pagodinho).
Atualmente não sei dizer quantos Bureaus estão ativos, eu conheço pelo menos 6, e deve haver mais que não são do meu conhecimento, com o passar dos anos engana-se quem acredita que são apenas cadastros negativos, com o passar do tempo concentraram tanta informação relativa a cadastro e comportamento de consumo que desenvolveram uma porção de estudos e serviços que são disponibilizados para pessoas físicas e jurídicas.
O que significa ter o nome sujo cadastrado negativamente?
O comercio ou instituição financeira consulta essas informações caso o cliente que deseja comprar a prazo esteja nessa lista tem seu pedido de compra a prazo ou crédito financeiro negado, impedindo compra a prazo, financiamento, solicitação de produtos de crédito como cartão, ou um crédito pessoal.
Algumas pessoas não se importam com isso e "sujam" seu nome sem problema, para outras pessoas o nome é uma questão de honra e fazem de tudo para mante-lo "limpo", penalmente no Brasil a única dívida que de fato lhe leva para punição carcerária são dívidas de pensão alimentícia.
Algumas dívidas podem lhe trazer punições através de acionamento jurídico, como dívidas de condomínio, ou outras dívidas que cheguem ao ponto de serem recorridas em tribunal como é o caso a Alienação Fiduciária, há outras em que por determinação da justiça devem ser honradas a ponto do juiz levar a leilão bens pessoais, ou bloqueio financeiro com objetivo de reparar a parte credora, é claro que isso é tema para outro post.
Há outros pontos que o mercado pode adotar como não contratar pessoas ou serviços de pessoas e empresas que estejam no cadastro negativo, se isso é legal ou não deixo para os entendidos, apenas compartilho o que ocorre no mercado.
Com avanço tecnológico como ficam os bureaus?
Algumas vezes gosto de brincar de superprevisor, para que uma empresa consulte o cadastro negativo existe um custo e não é barato, cada vez que uma empresa necessita vender a prazo ou conceder crédito há um custo da operação e essa consulta encarece o processo, por isso empresas sempre negociam com seus bureaus a melhor tarifa pois essa conta pesa no custo da decisão.
Com a chegada de um modelo de negócio como o UBER, vimos a "uberização" de muitos serviços e processos, algo que pode também ocorrer com os Bureaus, é um negócio com mais de meio século que pode ser alterado por um grupo de jovens em qualquer startup, vale repensar o modelo para não se tranformar em uma Kodak.
Arrisco a dizer que ha espaço de invertermos, invés dos analistas consultarem os score de crédito do cliente ou seus registros no cadastro negativo, podemos solicitar ao cliente que nos traga, reduzindo o custo da operação, a pergunta que ficará é: quem é o cliente que mente num grupo de clientes que dizem a verdade? Pauta para um outro post.
Abraços.
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