Na primeira etapa desse artigo abordei os alinhamentos e conceitos da concessão, no segundo artigo levantei os principais pontos de custos que envolvem esse produto de crédito explicando os motivos chave dos custos elevados na originação e recuperação.
Caso não tenha lidos os dois primeiros artigos, abaixo os links, foram corrigidos alguns pontos com orientação da minha amiga @vivi ela me alertou de alguns pontos, como IOF e ITBI, assuntos que poderemos explorar com maior profundidade em outros artigos focados esse produto.
Nessa última parte compartilho o que ocorre no pós crédito do produto CGI, algo que também ocorre em outros produtos de crédito em menor escala quando comparado ao volume total.
Algo que as empresas de concessão de crédito necessitam evoluir é seu pós crédito, o relacionamento com o cliente após todo o processo de concessão, a grande maioria apenas mantém como contato o envio do boleto de pagamento ou quando ocorre algum problema com o cliente que demanda atendimento, na maioria das vezes esse pós contato não é uma experiencia de recompensa para o cliente.
No CGI não é diferente em relação a proximidade com o cliente o que ocorre para esse produto é que a orginação tende a ser repassada a terceiros, algo que conhecemos como cessão de carteira, esses em geral são securitizadoras ou fundos de investimento.
Você deve se perguntar por quê? ter todo o trabalho de realizar a análise de risco de crédito e garantia, realizar um baita trabalho de operação na recepção, conferencia e registro de documentos para em seguida ceder essa carteira para terceiros?
Ao conceder crédito vimos nos artigos anteriores que há 2 formas.
a) com capital próprio, algo que exige muito fôlego financeiro, pois cada tomador pode contratar a devolução do montante em até 240 meses, portanto, conceder crédito a múltiplos clientes é necessário uma fábula de grana para suportar a demanda e carregar o risco da carteira.
b) com capital de terceiros, múltiplos fundos podem conceder esse volume financeiro suficiente para suportar a demanda, com isso a carteira originada já nasce pertencendo ao fundo, que terá na carteira à receber receitas financeiras e serviços por até 240 meses.
Na primeira forma, a decisão de carregar a carteira de crédito tem uma linha de inflexão, pois um único originador não possui volume necessário para o atendimento da demanda, além de ficar com o risco de inadimplência da carteira, isso reflete em sua capacidade de continuar emprestando a medida que o volume se eleva. Quando opta por ceder a carteira todo montante que ele tem pra receber em até 240 meses é antecipado, cedido recebe esse valor com alguns redutores, pois há antecipação do volume.
O volume recebido nessa cessão permite maior fôlego de continuar emprestando atendendo a demanda dos clientes por crédito, outra vantagem é que ao ceder a carteira o originador também expia o risco passando para quem comprou a carteira, além de uma série de efeitos contábeis que podemos explorar em outra oportunidade.
Na segunda forma a carteira nasce cedida para um fundo cabendo ao originador receber a receita de prestação de serviços e ou participação do fundo para receber receitas financeiras, isso depende de cada negociação.
O que os fundos fazem com essa carteira?
Como há um montante a receber acrescido de juros (contratado no empréstimo) são montados fundos de investimentos com uma rentabilidade sustentada pelos recebíveis da carteira que por sua vez atraem novos investidores que se interessam em colocar seu dinheiro em um fundo com lastro imobiliário, são esses juros que remuneram o capital do investidor.
Parte dessa carteira pode ser composta em um fundo multimercado onde um percentual do fundo sejam os recebíveis do CGI, outra parte títulos do governos, outra parte ações de empresas públicas e privadas, que composta de vários tipos de risco e retorno servem como um fundo composto para atração de novos investidores.
Aqui praticamente qualquer agente com capital pode comprar essas carteiras não apenas fundos, mas bancos, grandes corporações etc…
Esse movimento pode ocorrer em outros produtos de crédito?
Sim, no caso do CGI ou do Financiamento imobiliário a duração do cliente na carteira é maior, pois prazo contratado do empréstimo é de anos, diferente de outros produtos de crédito, devido a sua complexidade e burocracia os clientes de CGI tendem a uma fidelização maior, pois não é fácil engavetar o produto e não usar, bem como realizar a portabilidade também exige bastante esforço operacional, por esse motivo os clientes são mais fiéis.
Quais os riscos envolvidos no pós crédito?
O primeiro é a fraude, no caso do CGI perdas por motivos de fraude são mais difíceis devido ao volume de checagens e o número de agentes na cadeira de operação, é possível desde que o fraudador tenha muito conhecimento e consiga envolver todos os agentes intermediadores, algo possível porém muito difícil de fazer.
O segundo risco no pós crédito é a inadimplência, como falei na parte 2 desse artigo, não é interesse de nenhum originador a execução da garantia, pois além de gerar um baita custo o principal propósito desse produto fica inviável, por isso é literalmente usado quando todos os recursos possíveis são estressados ao máximo.
Ação revisional, há casos onde o tomador recorre a justiça para revisar o montante de juros e pode alegar uma infinidade de situações, gerando uma perda relativa ao contrato firmado.
Por último o quarto risco do pós crédito pouco comentado é o pré pagamento, imagine que você espera receber a carteira em 240 meses, e o cliente paga em 36, é necessário remover toda a carga de juros do período o que sobra pode não ser suficiente para cobrir os custos ou a expectativa dessa operação.
Uma carteira com longo prazo de duração o pré pagamento é quase certo, porém quanto mais próximo do ponto 0 de contratação, pior é a rentabilidade esperada.
O assunto do pós crédito tem várias ramificações onde em cada parágrafo é possível aprofundar em mais detalhes algo que teremos muito tempo para abordar.
Espero que nesse artigo dividido em 3 partes possa ter trazido algumas informações úteis, deixo claro que mesmo depois de escrito fiz várias revisões e tive de fazer correções, por isso caso tenha complementos, seus comentários são bem vindos para que eu atualize esse material e que seja de utilidade para pesquisas, trabalhos acadêmicos e de formação dos profissionais de crédito.
Abraços.
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